quinta-feira, 12 de abril de 2012

PINCELADAS DE MADINA MANDINGA

A nossa rotina, na simpática povoação de Madina Mandinga, estava consignada a um quadrado de terra batida onde tudo se passava. Ponto de encontro de toda a Companhia, local de chegada e partida, onde recebíamos as nossas visitas. Foi nesse quadrado de terra onde o sol escaldava que muitos factos aconteceram, dos quais relembro:-

a) Cinema

No início da noite do dia 19/02/1974 tivemos a visita de um Alferes e um Furriel, vindos do QG de Bissau, que nos presentearam com a exibição de dois filmes, ao ar livre. O 1º com o título “Bosallini” e o 2º uma comédia de guerra “Com jeito vai Sargento” realizado em 1958 por Gerald Thomas.

b) Missa

O Sr. Padre Capelão, do sector de Nova Lamego, veio visitar o nosso aquartelamento durante três dias, para também ele, nos dar ânimo e apoio moral e espiritual. No Domingo do dia 23/09/1973 celebrou a missa para todos nós. O altar (uma mesa) foi colocado debaixo de uma cobertura em palha, junto da cantina. Foi nesse pedaço de África que a celebração aconteceu. Toda a rapaziada se vestiu à civil para participar na única missa celebrada em Madina. Nesse Domingo houve festa e comida melhorada.

c) A Chegada

A este quadrado de chão pisado chegámos na tardinha do dia 13/08/1973, auto transportados, com as fardas ainda a cheirar a novo e de olhos bem arregalados e bastante medrosos. Fomos recebidos de braços abertos pela malta velhinha que com câmaras improvisadas de TV, cartazes com frases bonitas e muitos gritos de “piu-piu” davam azo à sua alegria, pois sabiam que passados alguns dias daqui partiriam rumo à Metrópole.

d) Gina

Também nesse quadrado, algures num canto, estava a mascote da nossa companhia. Quem não se lembra da macaca “Gina”, empoleirada num tronco de árvore, à espera duma bananita. Toda a gente gostava de brincar com ela.

A Gina em fotografia

e) Café

E desse quadrado de terra areada e poeirenta havia quem ao Domingo, depois do almoço, partia para tomar café à 5ª REP (café virtual). Era um pequeno percurso fora do arame farpado até à ponte ali próximo. Seria para matar saudades dos passeios domingueiros à tarde, com as nossas famílias e namoradas.

Era neste quadrado que tudo se cruzava. Daqui acedíamos ao gabinete de trabalho do nosso Capitão, sempre de porta aberta para receber. Ao lado os serviços de enfermagem. Num dos topos do quadrado a cozinha, a messe e por ali perto o forno do padeiro. No lado oposto a cantina e algures por ali a casa do Gerador do Machado que, sempre no seu posto, nos dava luz e água. Era neste pedaço de terra que durante o dia toda a azáfama acontecia e que no cair da noite apressadamente percorríamos com o receio de algum disparo vindo do exterior do arame farpado.

Foi assim em redor desse quadrado, onde pernoitávamos e em alerta estávamos, que gastámos algum tempo da nossa juventude mas também com coisas bonitas que ainda hoje recordamos com nostalgia. Todos nos lembramos dos nossos bigodes que quase toda a malta deixou crescer a exemplo do nosso irmão mais velho, o Capitão Zé Luís. b o n s t e m p o s ……..

por antónio costa (dando uma folga ao nosso editor chefe)

1 comentário:

  1. António da Silva Pereira16 de abril de 2012 às 19:50

    Amigo Costa, obrigado por nos fazer reviver tempos que deixam saudades da camaradagem de madina. OBRIGADÃO A TODOS QUE SE OCUPAM DE TUDO. Abraços, não esquecendo o MONTEIRO, até breve Pereira

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